Eu perdi alguns amigos. Mas também descobri que o amor é mais forte que qualquer distância, e não precisa estar perto para amar. As demonstrações mais sinceras, nem sempre compartilham comitantemente o mesmo espaço.
Eu perdi tantas roupas! Algumas eu deixei por aí, tem aquelas que alguém gentilmente guardou para mim, outras encontraram novos lares. Mas descobri que elas nunca definiram minha aparência.
Ilhas Canárias
Nessa viagem eu também perdi apego.
Tudo que é “meu” pode não vir-a-ser mais. De uma hora para outra. Talvez nada nunca tenha sido meu. Então, também perdi tudo que me pertencia.
E se nada mais me pertencia, não pude levar mais nada de onde passei. Escrevo as lembranças para eternizar memórias. Pois, depois de lotar a parede de alguma sala com cartões postais, perdi todas as coleções, que carregava no intuito de ter cada lugar comigo para sempre.
Foi aí que perdi a vaidade. Mas também encontrei meu brilho, e ele nada tinha a ver com quartzos pendurados no pescoço, ou com qualquer pintura na cara. E minhas manias? Eram vários tipos de rituais. Para acordar. Antes de comer e de dormir. O jeitinho de falar, a hora de escrever. A luz certa. A posição de sentar. E também de dormir. Deixei elas espalhadas em alguns encontros.
Perdi o medo de ver o tempo passar. De observar, mediocremente, a vida. De deixar de existir ou permanecer inerente.
Perdi o medo de não realizar os sonhos. Perdi o medo de não conseguir criar. Ou de não aguentar o peso. Da vida. Da mochila. Foi então que eu perdi o medo de lidar comigo. De me ouvir e me conhecer. Percebo que perdi tanta coisa, que continuar deve significar que também perdi a razão.
Não pagar aluguel ou hospedagem tem um peso gigante no orçamento mensal e é um dos fatores que me permite ficar na estrada por longos períodos. Por isso resolvi fazer esse post com dicas e todas as possibilidades para se hospedar de graça em qualquer lugar do mundo.
Parque Nacional Peneda-Gêres
Couchsurfing
A primeira opção para se hospedar de graça é o Couchsurfing, um aplicativo que conecta os viajantes com locais que podem recebê-los em suas casas. O couchsurfing é uma experiência que vai muito além da economia, é uma forma de aprender e se conectar com a rotina do lugar e das pessoas que moram ali.
Apesar do nome do aplicativo traduzido ser “surfando por sofás”, muitas pessoas oferecem quarto privados para receber os viajantes. O aplicativo também promove eventos e encontros Além do aplicativo existem vários grupos de couch no facebook.
Home Exchange
Um plataforma onde você cadastra a sua casa para receber viajantes e pode se hospedar na casa de outras pessoas. A cada viajante recebido você ganha pontos que são usados para se hospedar na casa de outras pessoas.
Pico Ruivo, Madeira, Portugal
House Sitting
Essa opção se trata de cuidar da casa de alguém que foi viajar e em troca viver por lá, como se fosse sua casa, por um tempo! Fiz house sitting assim que cheguei em Barcelona. Morei em um apartamento lindo em Gràcia em troca de cuidar das gatinhas e das plantas enquanto a dona estava no Brasil. Na época nem conhecia o termo house sitting e achei a oportunidade pelo facebook, mas já ouvi falar do site TrustedHousesitters
Troca de trabalho por hospedagem
Acredito que seja a forma mais conhecida de se hospedar de graça. É muito popular principalmente em hostéis, mas cada vez mais projetos relacionados com permacultura e bioconstrução estão buscando voluntários. Alguns projetos oferecem comida também o que reduzem o custo da viagem a quase zero. As plataformas mais conhecidas são Worldpackers, Workaway e Wwoof, a última focada principalmente em projetos ecológicos.
Sagrada Familia, Barcelona, Espanha
Nada também impede de oferecer sua habilidades para lugares que precisam de uma ajuda. Fazer amigos pelo mundo também abre portas em vários lugares, mas se for se hospedar na casa de algum amigo lembre-se de contribuir com algo, ao menos a cerveja!
O maior vulcão ativo da Europa, o Teide, fica em Tenerife, parte das Ilhas Canárias, o arquipelago Espanhol localizado mais próximo da costa africana do que da Europa. Tenerife é uma das ilhas mais bonitas e exóticas do oceano atlântico, além disso é um ótimo destino para fugir do frio na Europa. Vou contar um pouquinho como foi minha experiência nas trilhas e percursos de Tenerife e como subir o Teide sem pagar nada.
El Teide, o maior vulcão ativo da Europa
Parque Nacional do Teide
O Parque Nacional do Teide têm várias opções de trilhas e para quem gosta de fazer longas caminhadas é um ótimo lugar para explorar por mais de um dia. E sei que parece irresistível acampar nessas paisagens cinematográfica, mas não é permitido acampar no parque sem autorização prévia.
Para chegar no Parque Nacional do Teide de transporte público é preciso pegar o ônibus 348 na cidade Puerto de la Cruz que saí todos os dias às 9h15 da estação da cidade e volta às 16h do vulcão. Outra opção é pegar a linha 342, que saí da Costa Adeje, na Praia das Américas e volta às 15h40. Outra opção mais cômoda é alugar um carro em mais amigos. Nas Canárias a diária dos carros é a partir de 15€.
A opção mais barata é totalmente de graça é pegar carona. As estradas são tão lindas que vai valer a pena esperar um pouquinho por um carro.
Rochas de diferente coloração completam a paisagem
Subindo o Teide
Subir o Teide é a principal atividade turística de Tenerife e pensando na preservação do vulcão é limitado o número de pessoas que podem entrar no parque a 200 por dia. Então é necessário reserva uma permissão no website do Parque Nacional. Entretanto, essa permissão só é válida das 9h às 17h, então se você quer saber como ver o sol se pondo ou nascendo lá de cima, fique atento no próximo item.
Para subir o Teide é possível pegar um teleférico pagando a partir de 30€, dependendo da data, então para subir de graça é preciso caminhar ! A trilha tem um total de 18 km, mas o pico tem 3.717,98 m de altitude! é bem alto. O pico mais alto da Espanha e o maior vulcão ativo da Europa. Isso exige um certo esforço físico.
A trilha começa na Montanha Branca, na estrada TF-21, km 40,7. Para começar a trilha deve seguir o “Sendero número 7” . Depois de algumas horas de caminhada chegará ao “Refúgio de Altavista”, desse ponto até o teleférico passa pelo “sendero número 11”. A terceira etapa, do teleférico até o pico é o “sendero número 10” também chamado de “Telesforo Bravo”.
Trecho da trilha na Montanha Branca
Subir o Teide de Madrugada
Uma opção muito escolhida por mochileiros que querem subir de graça e fazer a trilha para ver o pôr-do-sol e principalmente o nascer do sol, como eu fiz, é subir o Teide de Madrugada. Eu cheguei na base da Montanha Branca às 2h e após quase 5 horas de caminhada estava no topo do vulcão. Cansada, mas muito realizada, vi o sol nascer no ponto mais alto da Espanha.
Paisagens inospita do Vulcão
Como é preciso passar o ponto do teleférico antes das 9h, horário de abertura do parque e que o controle de pessoas começa ser válido, é bom começar a descida a partir das 8h. Outra opção é começar a subida às 16h e ver o pôr-do-sol lá de cima e voltar durante a noite. Lembrando que o pôr-do-sol na Europa é bem mais tarde no verão, é bom levar isso em consideração no planejamento da sua viagem.
Outra opção é passar a noite no Refúgio de Altavista, localizado a 3260m de altitude é uma ótima opção para dormir e dividir a trilha em dois dias. Ainda de ser mais fácil para conseguir ver o amanhecer ou entardecer das alturas. O alojamento fica aberto para entrada das 17h às 22h e fecha às 7h30. É permitido ficar apenas uma noite no alojamento.
Cuidados Especiais
É uma trilha longa e levar água é essencial! Um lanche para a caminhada, como bananas e barras de ceral também vai ser uma boa quando você chegar lá em cima com fome. Outro item muito importante é a escolha de uma roupa calçado adequados. Leve um casaco! As temperaturas na montanha são extremas e de madrugada faz muito frio.
Nascer do sol no topo do Teide
Por último, contemple a montanha! É uma emoção indescritível.