Poe Maria Fernanda Romero e Cami Mochileira
Minas pela Estrada
Conheci Cami em uma festa de rua no carnaval de Recife e a identificação foi instantânea. Ela que já viajou até o fim do mundo e encontrou o seu amor na estrada precisava participar desse projeto sobre mulheres que viajam sozinhas! Nesse post ela vai contar um pouquinho pra gente como se descobriu ao viajar sozinha e como sua vida de mochileira mudou após ela encontrar a sua mochila gêmea.
VIAJAR SOZINHA E AUTOCONHECIMENTO
Eu sou a Camila, mas me descobri sendo a Cami Mochileira. Tenho 25 anos, e saí para viajar aos 23, justo uma semana depois de receber meu diploma de bacharel em Psicologia. Qual seria o caminho tradicional? Buscar um trabalho na área, engatar um mestrado e seguir minha vida desejada de professora universitária. Só que não!

Desejos do incosciente
Minha vida sempre foi marcada por viagens. Nasci do encontro de um pai carioca com uma mãe amazonense, que namoravam por cartas. Enfim, nos mudamos todos para o nordeste. Aqui cresci e aspirava, assistindo programas de viagens pela televisão, algum dia poder também viajar o mundo.
Escrevi aos 18 anos uma lista de desejos, a qual esqueci no fundo do baú. Um deles era “fazer um mochilão depois de terminar a faculdade”, esquecido no fundo do inconsciente, assim foi, esquecido da memória. Mas nada se perde… nada se cria, tudo se transforma.
Pé na estrada – o início de uma vida nômade
Viajei para Buenos Aires, sozinha, pois pedi muito que alguma amiga fosse comigo, sem sucesso, aceitei a realidade de viajar só (e com medo mesmo)! No avião, olhei pra janela e pude avistar as luzes da cidade de buenos aires, eu quis chorar, as luzes simbolizavam que finalmente… eu estava livre. Uma nova história começa.

A partir de então, me diverti muito na capital Argentina! Tudo era mágico, inclusive as pessoas. Utilizei o Couchsurfing como modo de me hospedar. Economizava em tudo! Eu não queria que meu sonho acabasse por falta de dinheiro, né? Mais tarde, fui à Córdoba. Ali aprendi que ou você aprende pelo amor ou pela dor.
Eu morei numa casa ocupação rodeada de malabaristas e punks. Oi? Sim! Ali estava eu. Todos trabalhavam na rua, e eu , a simples viajera. Bem, eu tive que me movimentar!
Fazer Dinheiro na estrada
Comecei a vender brigadeiros e assim, aprendi a mágica de vender na rua! Era muito divertido. Depois aprendi a fazer artesanato, e pelas primeiras vezes não mexi nas minhas economias e passei a viver do meu próprio trabalho. Comprei um saxofone com o que ganhei na rua. Aprendi malabares, trabalhei no semáforo e finalmente aprendi o que é viver de arte de rua! Um artista não pede esmola! Pede contribuição no chapéu!

Com isto, me movi pela América do sul. Da Argentina até a Colombia (que até então seria meu destino “final”).
Mochila Gêmea
Conheci um amor no Peru, que virou o meu companheiro de estrada. Juntos, chegamos a Colombia de carona, e este também era um dos meus desejos da lista dos 18 anos. A carona nos permitiu viajar por muito mais tempo, e muito mais lentamente (recomendo)! Cruzamos a Amazônia, adotamos um cachorro no Pará e regressamos de volta à minha cidade, Natal.

Mas a aventura não podia parar! Tínhamos que conhecer o fim do mundo! E mais uma vez descemos de carona até o sul do Brasil. Ganhamos de presente uma passagem de avião para o fim do mundo, e esta foi a minha última viagem. Agora, da cidade do fim do mundo torcendo para que este momento de pandemia não seja fim do mundo, espero ansiosamente embarcar para mais uma aventura do outro lado do oceano atlântico! Um novo capítulo vem aí.
Moral da história
Crie uma lista de desejos!
Crie um artista em você!
Crie a sua nova história. Ou melhor… transforme-se nisso viajando sozinha! O resto, a própria viagem se encarrega.

Nada se cria, nada se perde… tudo se transforma.
Um comentário em “Malabares, saxofone e arte de rua: As aventuras ao viajar sozinha pela América do Sul”